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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Jogos Paraolímpicos: modalidades e curiosidades

Por Lucas Aribé


De quatro em quatro anos, acompanhamos a realização dos dois principais eventos esportivos do planeta: os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Durante esse período, inúmeros países de todos os continentes se encontram em uma mesma sede e disputam diversas modalidades esportivas, buscando o mesmo objetivo: a conquista do ouro. A coletividade, o respeito, o patriotismo, a superação e a união pelo esporte são características que se repetem e garantem o sucesso de cada edição das Olimpíadas e Paraolimpíadas.

Mas, afinal, o que são as Paraolimpíadas? A resposta é simples: trata-se da versão das Olimpíadas para atletas com deficiência física, visual ou mental. Assim como nas Olimpíadas, eles concorrem em modalidades tradicionais (atletismo, ciclismo, hipismo, judô, natação, etc.), porém os espaços são adaptados conforme a necessidade de cada competidor. Existem também as modalidades disputadas em cadeiras de roda: basquete, vôlei, tênis de mesa, etc.

O Brasil aparece no cenário internacional como um dos países que mais se destacam no esporte Paraolímpico. A cada competição, superamos nosso próprio desempenho e alcançamos melhores classificações no quadro geral de medalhas. Em Atenas (2004), terminamos em 14º lugar, com 14 medalhas de ouro, 12 de prata e 7 de bronze. Já em Pequim (2008), ficamos em nono com 16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze. Apresento, a seguir, duas outras modalidades que compõem a programação dos Jogos Paraolímpicos, porém não são muito conhecidas pelo público em geral.


Futebol de cinco

O futebol de cinco é uma adaptação do futsal para pessoas cegas. Ele é organizado pela International Blind Sports Federation (Federação Internacional de Esportes para Cegos), sendo jogado com regras modificadas da FIFA. Nessa modalidade, cada equipe é formada por quatro jogadores de linha cegos ou com baixa visão, um goleiro de visão normal, além de um chamador ou guia, que fica atrás da meta adversária orientando os jogadores de ataque. Todos os atletas de linha atuam com os olhos vendados.

As partidas oficiais têm duração de 50 minutos, sendo dois tempos de 25, com dez minutos de intervalo. Durante os jogos, as torcidas acompanham em silêncio total, podendo apenas se manifestar quando acontece o gol, pois a bola possui guizos que auxiliam os competidores na sua percepção e condução. A seleção masculina do Brasil traz como principais conquistas os Mundiais de 1998 (no Brasil), 2000 (na Espanha) e 2010 (na Inglaterra), ouro na Copa América de 1997, 2001 e 2003 e ouro nos Jogos Paraolímpicos de Atenas (2004) e Pequim (2008).


Goalball

O goalball é um esporte antigo, criado em 1946, jogado exclusivamente por pessoas com deficiência visual. Sua chegada ao Brasil deu-se em 1985. Nesse esporte, as partidas duram 20 minutos, sendo dois tempos de 10, com descanso de cinco minutos. Cada equipe dispõe de três jogadores titulares e três reservas. Todos jogam com os olhos vendados. O gol de cada lado da quadra possui nove metros de largura por 1,2 de altura.

Os jogadores atuam como arremessadores e defensores, ou seja, eles não só devem arremessar a bola de forma rasteira na direção do gol adversário, como também defender a própria meta. A seleção brasileira masculina conquistou uma medalha de prata no Parapan de Buenos Aires, em 1995. Seis anos depois, na Carolina do Sul (EUA), as mulheres brasileiras conseguiram o bronze no Parapan e os homens terminaram na quarta posição. No Mundial de Quebec (Canadá), em 2003, a seleção feminina ficou em segundo lugar.

As próximas Paraolimpíadas acontecerão em 2012, na cidade inglesa de Londres, e a seleção brasileira de futebol de cinco garantiu sua vaga com a conquista do tricampeonato mundial disputado no país europeu. A equipe de goalball, por sua vez, ainda luta pela classificação e terá nova oportunidade no próximo ano, quando disputará o Campeonato Mundial promovido pela Federação Internacional de Esportes para Cegos.

6 comentários:

  1. Nossa Lucas, adorei esse espaço sobre curiosidades ... Já tinha ouvido falar de futebol de cinco e goalball mas não com detalhes.
    A atuação do Brasil nas Paraolimpíadas é super expressiva, isso fica claro nos resultados que você traz. Que venha 2012 então! E Londres que se prepare, estamos chegando!

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  2. Adorei Lucas, realmente é muito bom saber que o Brasil se destaca como um dos países que mais se destaca nas Paraolimíadas, que considero não muito divulgado, mas que realmente nos mostra muita superação e talento.Foi muito bom tb aprender um pouco sobre o futebol de 5 e o goalball pois não conhecia.

    Jai

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  3. Lucas, uma questão que poderíamos debater é: por que o desempenho dos atletas paraolímpicos brasileiros é tão melhor que o dos atletas ditos "normais"? Qual a sua opinião? Será porque nossos portadores de deficiências estão mais acostumados ou melhor adaptados às dificuldades que têm num país terceiro-mundista que não se preocupa muito com eles, enfim, às adversidades que todos sabemos que eles enfrentam para viver aqui?
    Não sei se você sabe a história do Garrincha. Ele dizia que tinha facilidade de driblar porque no campo de treino, no Botafogo, havia muitos buracos, e ele tinha que driblar os buracos e os zagueiros adversários. Quando chegava para jogar num gramado sem buracos, era muito mais fácil pra ele.
    Resumindo, as adversidades talvez nos tornem mais ágeis, fortes e espertos, ou talvez nos façam ficar mais concentrados e motivados para superá-las. O que você acha?

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  4. Muito boa a proposta! Precisamos levar em conta também o fato de que a mídia brasileira não cobre os Jogos Paraolímpicos da mesma forma que o faz com os Olímpicos. Durante as Olimpíadas, o que se vê é uma cobertura praticamente integral feita pelas principais emissoras brasileiras, principalmente as de televisão.

    Os telespectadores são informados de tudo o que acontece no dia-a-dia do maior evento esportivo do mundo. São levados ao ar jogos, cerimônias de premiações, debates sobre o desempenho de nossos atletas, boletins informativos, etc.

    Entretanto, o público brasileiro não acompanha da mesma forma nossos atletas paraolímpicos por dois motivos: a imprensa não lhes dá o mesmo valor e nosso país não se preocupa com o rendimento deles. É como se o evento fosse menos importante simplesmente por não dar tanta audiência.

    De um lado, nossos atletas olímpicos são cobrados não só pelo público como também pela imprensa. O Brasil entra como favorito em inúmeras modalidades: futebol, vôlei, atletismo, natação, hipismo, judô, etc. Nossa torcida aplaude os medalhistas de ouro, critica os de prata e bronze.

    De outro, os paraolímpicos são esquecidos pela "massa torcedora" e lembrados por um grupo bem menor. Nesse caso, eles cobram de si mesmos e tentam superar suas próprias marcas. É por isso que ganhamos muito mais medalhas nas Paraolimpíadas.

    Nossos atletas com deficiência encaram as adversidades diárias como estímulos, motivações, ou seja, combustíveis que se renovam a cada desafio. Eles se sentem mais fortes e preparados para buscar muito mais vitórias, medalhas e destaque no mundo do esporte.

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  5. LUCAS AMEI ESSE ESPAÇO DE CURIOSIDADES,POIS PERMITE UMA ESTIMULAÇÃO E APRENDIZADO DE FORMA LÚDICA SOBRE ESSAS MODALIDADES.VALE DESTACAR QUE A SUA REDAÇÃO E SUA OBJETIVIDADE É IMPRESSIONANTE PERMITE QUE O LEITOR VIAJE NO SEU TEXTO!
    TODAVIA FIQUEI CURIOSA QUAL FOI A MODALIDADE QUE O BRASIL SE DESTACOU NOS JOGOS PARAOLIMPICOS DE PEQUIM E ATHENAS?

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  6. Tanto em Atenas como em Pequim, a natação foi a modalidade que deu ao Brasil mais medalhas de ouro nos Jogos Paraolímpicos. Vale destacar também a boa representatividade brasileira no judô e no atletismo. Essas três modalidades possuem inúmeras categorias, com provas para homens e mulheres.

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