Por Lucas Aribé
De quatro em quatro anos, acompanhamos a realização dos dois principais eventos esportivos do planeta: os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Durante esse período, inúmeros países de todos os continentes se encontram em uma mesma sede e disputam diversas modalidades esportivas, buscando o mesmo objetivo: a conquista do ouro. A coletividade, o respeito, o patriotismo, a superação e a união pelo esporte são características que se repetem e garantem o sucesso de cada edição das Olimpíadas e Paraolimpíadas.
Mas, afinal, o que são as Paraolimpíadas? A resposta é simples: trata-se da versão das Olimpíadas para atletas com deficiência física, visual ou mental. Assim como nas Olimpíadas, eles concorrem em modalidades tradicionais (atletismo, ciclismo, hipismo, judô, natação, etc.), porém os espaços são adaptados conforme a necessidade de cada competidor. Existem também as modalidades disputadas em cadeiras de roda: basquete, vôlei, tênis de mesa, etc.
O Brasil aparece no cenário internacional como um dos países que mais se destacam no esporte Paraolímpico. A cada competição, superamos nosso próprio desempenho e alcançamos melhores classificações no quadro geral de medalhas. Em Atenas (2004), terminamos em 14º lugar, com 14 medalhas de ouro, 12 de prata e 7 de bronze. Já em Pequim (2008), ficamos em nono com 16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze. Apresento, a seguir, duas outras modalidades que compõem a programação dos Jogos Paraolímpicos, porém não são muito conhecidas pelo público em geral.
Futebol de cinco
O futebol de cinco é uma adaptação do futsal para pessoas cegas. Ele é organizado pela International Blind Sports Federation (Federação Internacional de Esportes para Cegos), sendo jogado com regras modificadas da FIFA. Nessa modalidade, cada equipe é formada por quatro jogadores de linha cegos ou com baixa visão, um goleiro de visão normal, além de um chamador ou guia, que fica atrás da meta adversária orientando os jogadores de ataque. Todos os atletas de linha atuam com os olhos vendados.
As partidas oficiais têm duração de 50 minutos, sendo dois tempos de 25, com dez minutos de intervalo. Durante os jogos, as torcidas acompanham em silêncio total, podendo apenas se manifestar quando acontece o gol, pois a bola possui guizos que auxiliam os competidores na sua percepção e condução. A seleção masculina do Brasil traz como principais conquistas os Mundiais de 1998 (no Brasil), 2000 (na Espanha) e 2010 (na Inglaterra), ouro na Copa América de 1997, 2001 e 2003 e ouro nos Jogos Paraolímpicos de Atenas (2004) e Pequim (2008).
Goalball
O goalball é um esporte antigo, criado em 1946, jogado exclusivamente por pessoas com deficiência visual. Sua chegada ao Brasil deu-se em 1985. Nesse esporte, as partidas duram 20 minutos, sendo dois tempos de 10, com descanso de cinco minutos. Cada equipe dispõe de três jogadores titulares e três reservas. Todos jogam com os olhos vendados. O gol de cada lado da quadra possui nove metros de largura por 1,2 de altura.
Os jogadores atuam como arremessadores e defensores, ou seja, eles não só devem arremessar a bola de forma rasteira na direção do gol adversário, como também defender a própria meta. A seleção brasileira masculina conquistou uma medalha de prata no Parapan de Buenos Aires, em 1995. Seis anos depois, na Carolina do Sul (EUA), as mulheres brasileiras conseguiram o bronze no Parapan e os homens terminaram na quarta posição. No Mundial de Quebec (Canadá), em 2003, a seleção feminina ficou em segundo lugar.
As próximas Paraolimpíadas acontecerão em 2012, na cidade inglesa de Londres, e a seleção brasileira de futebol de cinco garantiu sua vaga com a conquista do tricampeonato mundial disputado no país europeu. A equipe de goalball, por sua vez, ainda luta pela classificação e terá nova oportunidade no próximo ano, quando disputará o Campeonato Mundial promovido pela Federação Internacional de Esportes para Cegos.